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2005 | Representações

2005 | Representações

Os primeiros 10 minutos são sempre bem recebidos, terá certamente a ver com a expectativa criada em torno do momento inicial. Seguidamente as questões começam a tomar forma na crueza das acções, deixando algumas pessoas chocadas face à intrincada e grosseira coreografia de movimentos banais. Outras pessoas, sentindo-se porventura insultadas ao se depararem com a representação do quotidiano, deixam fazer notar o seu desconforto. Outras ainda, despertadas pelo pormenor das acções mínimas, esticam ligeiramente os seus corpos em frente para ver melhor o que ali se passa. Um ritual de gestos simples e precisos, semelhante ao do artesão, na construção de uma cadeira.

Há uma coreografia de movimentos que recusa a ideia de facilidade. A não utilização de protecções denuncia um estudo e preparação que o espectador não tem. Logo, não é o quotidiano que aqui se apresenta, mas um trabalho sobre o quotidiano. O criador parece perguntar porque haverá de ser diferente uma progressão corporal da progressão de construção de um objecto. (…)
(…) A procura de desejo e de saber o que falta (desabafos que Mário Afonso inscreve com serradura no chão), não são mais que vontades de pertencer a um outro mundo que ultrapasse o que se vê, permitindo-se a uma liberdade de interpretação. Em última análise, o que Mário Afonso propõe é o libertar de convenções, sejam elas coreográficas ou dramatúrgicas. Tudo em nome dos objectos que se querem questionados. Mesmo quando se lhes atribui uma finalidade. Como às cadeiras.

In, O Melhor Anjo, Tiago Bartolomeu Costa

Sobre o Projecto
Este espectáculo surge do convite de João Fiadeiro para participar no Lab.11, e desenvolve-se em dois momentos distintos:
O primeiro momento decorreu no período de um mês, no contexto do laboratório de pesquisa e criação Lab.11 organizado pela estrutura de produção Re.Al. Nesta primeira fase, e sendo uma das premissas do Lab.11 o diálogo, artístico ou não, com alguém do interesse do coreógrafo – além do acompanhamento artístico de João Fiadeiro e João Queiroz, que integram o núcleo central do Lab.11 – Mário Afonso estendeu o convite à filósofa Maria Filomena Molder para integrar a equipa de criação.
Num segundo momento, após a apresentação informal no âmbito do Lab.11, o coreógrafo deu continuidade ao processo de pesquisa em contextos informais até Maio de 2006, altura em que o processo de criação foi dado por concluído.

Ficha Técnica
Concepção, Direcção e Interpretação Mário Afonso
Acompanhamento Artístico João Fiadeiro e João Queiroz
Consultoria Artística Maria Filomena Molder
Conversas Rui Catalão
Música “Sagração da Primavera”, Igor Stravinsky

Solo 40 minutos

www.cartabranca.pt/mario-afonso/representacoes/

Image File: