2009 | AGUADEIROS
Aguadeiros é um espectáculo que convoca várias disciplinas performativas: o teatro, a dança, o canto e a música.
Toda a concepção dramaturgica parte do conceito da Água enquanto espelho de uma conduta e atitude individuais, alertando para o urgente despertar de uma nova consciência colectiva. Ao recuperar de um passado remoto os Aguadeiros que transportavam e distribuíam a água, reinventa-se uma nova relação com o consumo, reinvindicando uma participação mais responsável e actuante - transformar o verbo consumir em cuidar. Sermos Aguadeiros devolve-nos também a evidência de sermos seres maioritariamente constituídos por este elemento primordial que nos deu origem, onde podemos regressar e nos reconhecer. O embrião é um organismo que nasce a partir do estado líquido. A água move-se fora e dentro dele, movimenta-se, continuamente, de mil e uma maneiras.
É importante aprender a ler o grande alfabeto natural escrito pelo ar e pela água.
“Water has a very important message for us. Water is telling us to take a much deeper look at our selves. When we do look at our selves through the mirror of water, the message becomes amazingly, crystal, clear. We know that human life is directly connected to the quality of our water, both within and all around us.”
Masaru Emoto
A estrutura dramática desenha-se numa sequência de quadros cénicos que caminham do caos em direcção à ordem.
Aqui o significado simbólico do mito do dilúvio assume um lugar central - “O dilúvio é o sinal da germinação e da regeneração. Um dilúvio não destrói senão na medida em que as formas estão usadas e gastas, mas a ele segue-se sempre uma nova humanidade e uma nova história. O dilúvio evoca a ideia de reabsorção da humanidade na água e a instituição de uma nova era, com uma nova humanidade. O dilúvio está muitas vezes ligado às faltas da humanidade, morais ou rituais, pecados e desobediências às leis e às regras. O dilúvio purifica e regenera tanto como o baptismo, é um imenso baptismo colectivo.”
Denunciar/Enunciar os sinais da catástrofe eminente e repor o equilibrio descreve o percurso do espectáculo que se estrutura pela combinação de vários fluxos narrativos, misturando referências, géneros teatrais e ambiências/atmosferas que se organizam em três grandes unidades de acção: Caos | Transformação | Nova Era/Renascimento
Enquadramento do projecto comunitário
Apelando para a temática da ÁGUA enquanto responsabilidade colectiva e respondendo ao carácter educativo do projecto Encant’águas, a criação deste objecto artístico assenta num processo colaborativo com a comunidade de Santo Tirso. Aqui enquadra-se a participação de um grupo da Universidade Sénior Tirsense, da CAIDE, Cooperativa de Apoio à Integração do Deficiente e da ASAS, Associação de Solidariedade e Ação Social de Santo Tirso.