Os coreógrafos Paulo Ribeiro e Clara Andermatt foram convidados por Lisboa 94, Capital Europeia da Cultura, para concretizarem um projecto inspirado no encontro com Cabo Verde, a sua dança e a sua música.
A criação contou com a participação de 15 elementos cabo-verdianos (6 bailarinos e 9 músicos) e ainda de 4 bailarinos europeus (2 portugueses, 1 espanhol e 1 francês). "Dançar Cabo Verde" estreou no dia 14 de Abril de 1994 no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, no âmbito da programação de Lisboa 94.
"DANÇAR CABO VERDE"
Coreografia inspirada em Cabo Verde e na sua música.
«O homem impõe os seus próprios sentimentos com objectos que o rodeiam e é por aí que tudo adquire uma significação e uma linguagem»
O reencontrar da descoberta é fazer dela o único meio que torne consequente o acto criativo.
Absorver num curto espaço de tempo uma cultura, que apesar de ter muito em comum com a nossa não deixa de ser organicamente diferente.
A preocupação não é transcrever nem modernizar, é estabelecer a ponte entre as diferenças, de maneira a criar em comum algo de bastante singular. E à partida um projecto aliciante mas também assustador.
Saímos de Lisboa na condição da metamorfose. Abandonar não as convicções mas o discurso e o vocabulário, foi para nós o princípio básico deste desembarque.
FICHA ARTÍSTICA
Direcção do projecto e coreografia Paulo Ribeiro e Clara Andermatt
Bailarinos Amélia Bentes, Avelino Lopes, Carlos Tavares, Clara Andermatt, Félix Lozano, Manu Preto, Mónica Lapa, Patrick Harlay, Zenaida Mendes, Zé Silva, Zezinho Semedo
Músicos Djosca, Malaquias, Mick Lima, Tchalé Figueira, Russo, Voginha, Tomar, Humberto Ramos
Música
“Tamos a desenrascar” (composição original de Vasco Martins, Sampler da voz do Travadinha, gravação João Oliveira)
“Como se o Mundo Ouvisse” (Vasco Martins)
“Tanhuca’ (Nando)
“Passagem” (Bau)
“Tarone”, “Sodade” “Ó Nha Gente”, ‘Ó Bernold’ (Temas Populares)
Coordenação musical Margarida Martins
Figurinos Victor Vasco
Luzes Rui Marcelino
Co-Produção Lisboa 94, Capital Europeia da Cultura
Instituto Nacional de Cultura de Cabo Verde
Apoios
Fundação Calouste Gulbenkian
Câmara Municipal de S. Vicente
Embaixada de Portugal em Cabo Verde (Centros Culturais do Mindelo e da Praia)
Agradecimentos
Embaixada de Cabo Verde em Portugal
Embaixada de Cabo Verde em Portugal
Moacir Rodrigues e Leão Lopes (Mindelo)
PRÉMIO ACARTE
Maria Madalena de Azeredo Perdigão?Temporada 93/94??“Dançar Cabo Verde” é uma obra inovadora por diversas razões. Em primeiro lugar, porque sendo o resultado de uma troca de experiências entre pessoas com culturas corporais muito diferentes, ambos os coreógrafos souberam fugir aos “clichés” do exotismo a que muitas vezes cedem os projectos que têm como ponto de partida uma simplista “inspiração” em “outra” cultura. Em segundo lugar, porque Paulo Ribeiro e Clara Andermatt, rentabilizando de forma muito inteligente a curta estada no arquipélago, procuraram traduzir para uma linguagem coreográfica as suas experiências e vivências quotidianas sem auspiciarem apropriar-se de elementos culturais específicos que não teriam tido tempo de conhecer e compreender.
Depois, porque souberam aproveitar e explorar as linguagens corporais de todos os bailarinos intérpretes (portugueses e cabo-verdianos), articulando-as de forma coesa e coerente. Finalmente, porque “Cabo-Verde” é uma obra com uma montagem complexa, em que a música, ao vivo, é um elemento tão fundamental quanto a coreografia. E foi ao estabelecerem esta relação entre música e dança que Ribeiro e Andermatt melhor revelaram ter percepcionado e compreendido o importante papel que as artes performativas têm na vida social e cultural cabo-verdiana. “Dançar Cabo Verde” é uma obra memorável que, esperemos, será remontada.??Júri:
João Carneiro, ?Maria José Fazenda, ?Carlos Porto, ?Luisa Roubaud,
Eugénia Vasques; ??Outubro de 1994
APRESENTAÇÕES
1994?
– Assembleia Nacional Popular – Praia, Cabo Verde;
– Assembleia Nacional Popular – Praia, Cabo Verde;
– Coliseu dos Recreios – Lisboa, Portugal
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