POLAROID (2003)

“Dos 0 aos 1850 km/ por hora em menos de 3 segundos, feridas recentemente cicatrizadas reabrem-se sob a força de inúmeras gravidades. Continuámos até aos 3564kpm, o número mágico que nunca ninguém soube explicar e o terror apodera-se de nós.

Ser disparado direito a uma brecha interdimensional a uma velocidade suficiente para esmagar ossos e rebentar veias.

Ser vomitado de uma realidade e excretado para outra passando por um ponto onde todas as partículas do corpo são separadas provocando uma dor indescritível. A loucura em segundos.

Nada nos podia preparar para esta realidade.

Nunca nos disseram nada sobre como tudo se altera quando não estamos a olhar.

 

Para os sobreviventes é apenas uma iniciação às regras deste lugar.

Dá-se a redução drástica da velocidade no momento do embate, e o corpo parece implodir. Viver em bando é a única maneira de sobreviver.” (excerto)

 

Este texto, extraído da banda desenhada “O Inferno” de Mark Harrison/Gordon Rennie foi um ponto de partida na fase inicial do Projecto Pirata. Este projecto começou por um período de seis meses de reflexão e pesquisa desenvolvido através de workshops/residências de Clara Andermatt com profissionais de várias áreas – cinema, teatro, dança, música, dramaturgia, artes plásticas – para confrontar metodologias, processos criativos, técnicas e lógicas de articulação dos respectivos discursos. A segunda fase do projecto correspondeu ao processo de criação de POLAROID.

 

Em POLAROID, o movimento, o som e a imagem articulam-se de forma a criar um idioma único. Falamos de sentido, de comunicação, de jogos de associação que geram uma dinâmica de excesso e de contrastantes coabitações de velocidade. 

Linhas paralelas do tempo – no mesmo corpo, o aceleradíssimo e a lentidão; o corpo virtual; o corpo stress; o corpo esponja dos acontecimentos.

POLAROID é uma personagem em jogo. Auto-programada para sobreviver, como num videogame, compulsivo, dual e lúdico. O corpo é preso pela imagem. As palavras correm como questões em cadeia para fora do seu corpo imóvel. Incorpora todas as experiências que viveu como se condensasse naquele momento toda a sua vida: uma corrida do princípio ao fim. 

Um ciclo imparável em que a morte é o início da etapa seguinte.

 

Colaboraram na Criação: Mark Haim  Coreógrafo; André Lepecki Dramaturgo;? Ivo Canelas Actor?; Carlos Gomes Arquitecto

Direcção Técnica/Operador Luz: Carlos Ramos
?Operador Som/Vídeo: David Palma

Técnico de Palco: Ricardo Madeira

Edição Vídeo: Pedro Mira?
Produção Musical: João Lucas/Luminária Música?
Produtor Executivo: Pedro Patrício?
Produção: Companhia Clara Andermatt

Co-produção: Centro Cultural de Belém?Coimbra, Capital Nacional da Cultura

 

Apoios
?Bates Dance Festival?CAM/Acarte?Centro Coreográfico de Montemor-o-Novo?Câmara Municipal de Lisboa?CRAE de Viseu – Teatro Viriato?Fórum Dança?Gabinete de Relações Internacionais – MC?Luminária Música?MAPP – MultiArts Projects & Productions

 

Foto Jorge Gonçalves

 

2003

– Fevereiro 21, 22, 23 – Centro Cultural de Belém, Pequeno Auditório, Lisboa – Portugal
– ?Março 7, 8 – Coimbra 2003, Teatro Académico Gil Vicente, Coimbra – Portugal
– ?Março 14, 15 – Teatro Viriato, Viseu – Portugal?
– Maio 18 – Rivoli Teatro Municipal, Porto – Portugal

– Agosto 8, 9 – Bates Dance Festival, Schaeffer Theater, Maine – Estados Unidos

2004?
– 30 de Novembro – S. Miguel – Ribeira Grande – Teatro Ribeira Grandense?
– 3 de Dezembro – Ilha Terceira – Angra do Heroísmo – Centro Cultural e de Congressos