Numa linha recta, 13 pessoas.
Carlota Lagido recorre a uma visão coreográfica aparentemente simples. Dominada pelo número de intérpretes, Monster ilustra a subtileza de uma linguagem que reside no pormenor, no olhar atento sobre um gesto, um movimento que escolhemos destacar sobre a míriade de movimentos queesta peça permite observar. Em Monster, joga-se no plano da relação ente o individual e o colectivo, entre as nossas possibilidades de assumir a unicidade versus o plano do grupo, esse poderoso narcótico que elimina a possibilidade de sermos um/a somente. Este exercício coreográfico foca-se nesse diálogo entre os encantos do individualismo e da afirmação idiossincrática versus as alucinantes propriedades narcóticas do grupo e da influência social. Essa tensão faz parte da nossa própria hibridez e volubilidade. Monster permite-nos espreitar para essa ontologia. Numa linha recta, 13 pessoas.
João Manuel Oliveira, 2010